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A falência do romance no ocidente.

Atualizado: 28 de mar. de 2024

Um novo estudo recente afirma que 63% dos homens estão voluntariamente abandonando o desejo de se relacionarem. Outro estudo aponta a falência, nos EUA, de inúmeras empresas ligada à indústria do casamento e de venda de pedras preciosas. Esse é um quadro extremamente perigoso e sintomático. Qual é a parcela da mulher moderna, nisso? Qual é o papel das redes sociais nesse cenário tão preocupante? Acredito em uma questão multifatorial.


Em primeiro lugar, o individualismo e o feminismo moderno parecem terem contribuído para chegarmos a esse ponto. As pessoas não confiam mais umas nas outras, as leis criaram desigualdades e ao invés de afastar a violência doméstica, acabaram por fomentar farsas, estimular interesses difusos e, acima de tudo, deixar todos confusos sobre o que desejam ou precisam.


O resultado é que as relações no ocidente a cada dia que passa são levadas menos a sério. Há um "estado de alerta" entre as pessoas que as faz crer que ninguém mais é digno ou vale a pena, e isso cria uma temperatura estranha onde a substituição é facilitada e fomentada.


A conexão entre as pessoas se tornou tênue e egoísta. Se pais são cada vez mais jogados em asilos ou abandonados, imagine o que não se faria com parceiros e parceiras assim que algum inconveniente se apresentasse. O individualismo selvagem e glorificado está criando narcisistas às pencas, e temos agora as primeiras gerações onde tais seres parecem ser fabricados online.


Percebam esse ponto, em minha juventude, por exemplo, havia um grande esforço para sequer se ver uma mulher nua. Agora isso se tornou a coisa mais fácil do mundo. Não há mais necessidade de se fazer esforço algum para se encontrar mulheres, conversar com mulheres, está tudo ali, disponível. Basta querer, basta estalar os dedos. Então as pessoas começaram a abdicar do que "precisam" para se focar no que desejam.


É evidente que tudo foi arruinado em nome de "se conseguir algo melhor". O problema dessa busca é que ela é uma jornada sem fim. Você acredita que seu parceiro é bom para você? Que é aquilo que você precisa? Mas você é levado a crer que sempre encontrará alguém mais inteligente, mais bonito, mais bem sucedido. Não há fim nessa proposta porque assim que você estiver com essa pessoa, haverá alguém melhor.


Como já inferi antes em outros textos, como amor não é um sentimento, mas uma escolha, uma proposta, se a sua percepção de relacões for baseada em humores e emoções, hoje você amará e amanhã odiará aquela mesma pessoa. Hoje você acreditará que seu parceiro é fundamental e amanhã ele será totalmente descartável. E é justamente isso que está sendo vendido nas redes sociais e pela filosofia do individualismo. O resultado está nos números.


Dessa forma, como se construir algo baseado em tanta instabilidade? É cristalino que daria errado, que haveria afastamento ao invés de aproximação. Como confiar em narcisistas? Como acreditar que tais pessoas seriam capazes de abandonar interesses absolutamente mundanos e patológicos, e se engajariam em estabelecer conexões duradouras? Personalidades egotistas não são apropriadas para isso, pois a relação sempre será com idealizações, jamais com a realidade.


A demonização do homem, da figura masculina, amplamente vilanizada na cultura, no cinema, na televisão, não acarretaria em retração? Quem foi o "jênio" que achou que isso não traria consequências? Que não haveria uma reação qualquer? Senhores, 63% é um número assustador. Casamentos estão no patamar mais baixo da história. Claro, o casamento se tornou algo trivial mas que gera consequências, especialmente financeiras para os homens, e as leis modernas apenas consignaram o quase fim da busca por esse tipo de enlace. As pessoas sempre se defenderão.


A massiva propaganda da autosuficiência feminina, da desimportância de filhos como atributo para a busca da felicidade, da vilanização de tudo que é masculino como sendo forte ou produtivo, iria, mais cedo ou mais tarde, transformar "competição" em distância.


Então o panorama é esse mesmo. Relações baseadas em individualismo, narcisismo, sexo quantitativo e disponível, ideações constantes de substituição de parceria, desconfiança. O preço está sendo pago. Infelicidade, solidão, relações insípidas, falseadas, breves, substituíveis. O "esforço", fator preponderante para se alicercar algo, foi retirado da equação e substituído pela premência, pelo prazer imediato, pela intensidade fugaz, pelas emoções mais pedestres. É o baile dos "pecados capitais". Ou não é?


Os aplicativos de encontros suprimem o luto e oferecem gratificação imediata como um vício qualquer, onde o arrasta pra cima se tornou a nova cocaína. Nesse diapasão, me parece ter havido o rompimento da frágil linha do sensual para o vulgar e tudo parece ter ficado explícito. O "gostar de verdade" se tornou secundário em um carrossel de pretensas oportunidades e de ofertas, que passaram sempre a ser duvidosas e arriscadas.


Entendem como tudo contribui para a compreensão desses números e fatos? Era isso que a sociedade realmente precisava ou desejava? Amores descartáveis, exploratórios ou ilusórios como alternativa ao tradicional tão condenado? Em breve teremos um retorno ao tão combalido tradicionalismo a fim de equilibrar a balança, querem apostar? Querem apostar que em breve a pílula a ser valorizada mudará de cor?


Sim, porque na medida em que algo para de funcionar o "mercado" se adapta. E aí teremos uma condenação (justa) da relativização da infidelidade, do abandono e da hipersexualização. Pelo menos uma parte das pessoas começará a resistir. Nem todo mundo vive bem na "casa da mãe Joana".


Pessoalmente acredito em família, em cuidados, em dedicação, em monogamia (como escolha), para que haja um equilíbrio emocional na vida das pessoas. Sim, pets são ótimos e os adoro, mas não estão aí para serem tapa buracos, estão aí também para amarem e serem amados, também precisam do mesmo abrigo que as pessoas. Mas eu sei...com pets o amor é incondicional, não? Não estaria aí a chave da discussão?


As relações passaram a ser extremamente condicionadas. A interesses, a dinheiro, a sexo, a beleza, mas onde fica o afeto? O de verdade? Onde fica a renúncia? E renúncia não é ceder a abuso, mas saber distinguir um de outro.


Há uma grande parcela de culpa das redes sociais nessa história, há uma outra parcela oriunda de ideologias e interesses políticos vagabundos, há a glorificação do individualismo que tudo destrói e nada constrói. Há tudo isso e mais. E o mais se constitui em GENTE. Gente que anseia genuinamente por conexões significativas, por algum abrigo e felicidade eventual. E estão tirando isso delas através da cultura, de mentiras, de valores maleáveis, de relativizações morais e rasteiras.


Já está na hora de puxar o freio de mão? De diminuir a velocidade? De se focar no que é realmente importante dada nossa finitude?


De voltar a dar as mãos? Sim, é preciso dar as mãos. E segurá-las firmemente. Nada substitui isso. Nada. E olha...é uma delícia. Experimentem.



 
 
 

2 Comments


Ale Click worker
Ale Click worker
Jun 11, 2024

O primeiro a escrever lúcido, visto que não é gay pentassexual ou feminazi do suvaco colido e grelo bombado, seres de orgias, a abordar este assunto com classe com total seriedade da realidade e situação caótica que estão manipulando as massas

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HP Charles
HP Charles
Jun 11, 2024
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Obrigado pelo comentário.

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