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A superexposição nas redes sociais

Atualizado: 12 de jul. de 2024

A superexposição nas redes sociais seria sinal de carência ou narcisisimo? De busca de afeto ou de suprimento? Já repararam como algumas pessoas parecem precisar dividir quase todos os momentos de seus dias com seguidores, a maioria desconhecidos? O que poderia ser isso? Necessidade de abrigo ou de validação? Talvez os dois? Confesso que essa é uma questão que me intriga faz mais de uma década.


Sempre me trouxe curiosidade a exposição que não possua relação com o campo profissional. Um selfie ou outro, vá lá, mas fotos do almoço, de coisas triviais do cotidiano, de consultórios médicos e hospitais (mórbido mas ocorre muito), de momentos íntimos que deveriam normalmente ser direcionados apenas à família, isso tudo me parece ou uma enorme carência ou uma enorme necessidade de atenção.


Por que falar de ideias não seria suficiente em um mundo tão perigoso quanto o virtual? Por que a necessidade de demonstrar felicidade ou perfeição para quem não se conhece direito? Essa é uma pergunta simples mas que normalmente gera uma resposta complicada e via de regra, pouco genuína, não é mesmo?


É absolutamente normal quando se produz conteúdo, eventualmente saciar a curiosidade de seguidores, de gente que até paga por conteúdo oferecido. Há capitalização na exposição, evidente. Mas até que ponto se deve ir? Até que ponto a sinalização de virtude, felicidade ou prosperidade é algo real ou positivo? Essa noção evidentemente caberá ao discernimento de quem assiste ou consome.


Mas a questão que proponho aqui é ligada diretamente à psicologia da necessidade vinculada à exposição. Cristalino que quem não é figura pública, não vive de internet, e posta frequentemente selfies e fotos de pratos de comida, anseia por “biscoito”. Tais postagens são uma clara busca por validação. No entanto existe gente que vai ainda mais longe, que posta o passo a passo do seu dia a dia. Fotos das mais diversas e sem sentido. Desde a manteiga comprada até a lavagem da própria roupa. Me parece quase um pedido de socorro ou uma forma de lidar com a solidão. Difícil negar que à luz de uma terapia algo relevante não venha à tona.


Quando a postagem, o storie, é uma recomendação musical, cinematográfica, literária, ou algo nessa direção, me parece sim positivo. Dividir cultura, compartilhar ideias e opiniões, é muito válido. Mas vida pessoal e particular? O que a psicanálise poderia dizer sobre isso, hein? O que motivaria esse impulso? Quais desejos se escondem por detrás desses comportamentos muitas vezes compulsivos?


Podemos pensar também na psicologia de quem assiste? De quem curte o cotidiano além do mundo das ideias? É evidente que há uma via de mão dupla. Seria uma espécie de comportamento hipnótico que leva pessoas a se importarem tanto com a vida alheia? Projeções? Desejos benignos? Ou malignos? Curiosidade mórbida?


Cada um certamente apresentará motivos diferentes, mas o que há realmente de produtivo nisso? Quando se deixa as redes sociais se descobre que praticamente não há nada e só bisbilhotavamos por vício mesmo, porque estava lá e era fácil fazê-lo.


Quando se consegue direcionar essa energia e tempo para outras coisas, você se sente muito melhor. Menos tempo no Tik Tok significa mais tempo para se exercitar. Menos tempo no Instagram, mais tempo para ler, para conversar com namorada, com marido. Menos tempo no Facebook (ainda existe?) mais tempo para ler, trabalhar, produzir.


Dessa forma, fica a discussão acerca da curiosa necessidade de exposição do cotidiano trivial para estranhos. Carência ou desejo contumaz de validação? Solidão, dependência, ou narcisismo e obtenção de “suprimento”?


A pergunta é simples, mas duvido que a resposta, como tudo ligado à psicologia, seja tão fácil.

 
 
 

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