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O amor e a solidão nos dias atuais.

Atualizado: 20 de mai. de 2024

Relacionamento é o tópico mais buscado e o que gera mais engajamento na internet, e isso é sintoma de que algo não está indo bem. Esse fenômeno é global. As mudanças sociais, políticas e provavelmente jurídicas, geraram mudanças comportamentais que afetaram e alteraram totalmente a dinâmica dos relacionamentos.


Os casamentos e taxas de natalidade estão reduzidos a números absolutamente críticos. Em muitos países tais fatos já afetam sistemas assistenciais e de aposentadoria. A população envelhece e evidentemente precisa ser renovada. Para isso acontecer é necessário que homens e mulheres se conectem, se entendam, se amem. E não me refiro apenas ao sexo, que também diminuiu muito, inclusive entre os jovens. As pessoas estão se afastando em um mundo cada vez mais digital.


A transformação vivida principalmente na última década nos deixou mais autosuficientes, mais autoeróticos. 37% do tráfego da internet é relativo à pornografia. A sociedade parece criar pessoas que acreditam cada vez mais em se bastarem. Há um enorme medo e desconfiança no ar. A solidão vai se transformando em solitude e muitos parecem viver bem assim. No entanto a história da humanidade é gregária. O desenvolvimento do homem se deu com a formação de tribos, pois isso implicava em sobrevivência. A maior punição que podia ser dada a alguém era o banimento, pois outrora, ela conduziria à morte. O afastamento era uma sentença fatal. Mas tudo mudou com a tecnologia, não?


No mundo moderno, com todo o apetrecho e maquinário tecnológico, as pessoas não sentem mais a insegurança de viver fora de grupos. O trabalho remoto é uma realidade cada vez mais forte e desejado após a pandemia. As relações amorosas recebem o reflexo de tantas mudanças e passaram a se tornar líquidas e tênues, e tudo fora disso passou a ser exceção e não a regra.


Menos encontros, menos casamentos, menos filhos, gera mais solidão. O ser humano possui uma enorme capacidade de adaptação e é justamente isso que vem ocorrendo. As amizades, o sexo, o amor está se tornando cada vez mais virtual, como se fosse uma espécie de distopia isolacionista.


Mas a pergunta que realmente deve ser perguntada é: as pessoas estão mais felizes? Não é a resposta. Todos os estudos indicativos de felicidade mostram que o mundo está muito mais infeliz. Jovens e velhos. Os serviços de saúde mental nunca foram tão procurados e pelo que tenho ouvido o mercado de profissionais dessa área ainda possui demanda. Sim, os corpos anabolizados e instamagrados parecem não possuirem mentes tão saudáveis assim. Irônico, não?


Os movimentos de resitência às narrativas feministas crescem de forma gigantesca e isso é fácil de perceber com o vasto conteúdo que passou a ser disponibilizado em redes sociais. Redpill, MGTOW, Blackpill. Há uma variedade deles. Uma reação natural? Sim. Soluções baseadas em supostos fatos atribuídos por alegações jamais comprovadas sobre psicologia evolucionista e biologia feminina. Não parece resolver nada. Mas é natural que as pessoas se protejam, que tenham medo, que a “confiança” tenha passado a se tornar a moeda mais cara em uma sociedade adoecida.


Há perspectiva de uma reavaliação? Do crescimento, do retorno a relações saudáveis, onde o individual não signifique solidão e a união não seja oriunda de dependência emocional ou financeira? A curto prazo parece que não. As redes sociais cultivaram o hedonismo e o narcisismo, e evidentemente há um preço a se pagar. As próprias histórias de amor parecem ter sido deixadas de lado e o romantismo foi trocado por outra coisa qualquer que só tem sido relatado patologicamente nos casos de “love bombing”. Esse é o tamanho do buraco.


O fato é que o mundo mudou e as pessoas parecem um pouco perdidas, buscando seus caminhos no meio da neblina. Mas me parece que abdicar do toque é como abdicar do sol. A humanidade não é uma ilha. A fórmula juvenil da “leitada e ghosting” não conseguirá durar muito pois não me parece natural. É mero artifício de defesa emocional somado à covardia.


Em 2024 o mundo passa por transformações sérias na maneira como as pessoas se relacionam. A solitude está em alta e muitos se acostumaram, se dizendo até muito mais felizes com tal opção. Outros se refugiam no materialismo, em trabalho, em amizades com ou sem componentes eróticos, e alguns ainda sentem necessidade de terem alguém, mesmo que sejam relações disfuncionais ou infelizes. Nada mais é regra.


O fato é que quem nasceu muitas décadas atrás tem dificuldade em reconhecer o mundo atual. Há uma adaptação necessária e a verdade é que alguns demonstram lidar muito bem com tais mudanças. No final todos desejam encontrar algum tipo de felicidade. O problema é que a felicidade não é um estado permanente. Ela sempre é transitória e intermitente. Sempre. Mas as redes sociais mentem, enganam, traduzem fotos e histórias de uma narrativa que não existe fora do virtual, longe dos computadores bombardeando a todos com vidas e relações perfeitas. E isso gera depressão, inveja, sensação de fracasso.


O ideia do amor romântico mudou, as relações mudaram, os desejos e necessidades parecem acompanhar tais mudanças. Mas e você? Onde se encontra? O que deseja? Conexão ou solitude? Paz ou paixão? Em um mundo tão apressado as questões existenciais foram deixadas de lado. No entanto, aos poucos vai se percebendo que tais discussões são fundamentais para a sobrevivência da nossa civilização, para a vida em sociedade.


Dar as mãos ou soltá-las? Em algum momento precisaremos decidir. E você? Está feliz?

 
 
 

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