Sobre o capitalismo de consumo.
- HP Charles
- 29 de abr. de 2024
- 3 min de leitura
“Nós estamos estamos possuindo pessoas e amando coisas”. Não deveria ser o contrário? É incrível como somos levados a consumir e amealhar objetos por meio da propaganda massiva e da manipulação. A consumir imoderadamente e nos apegarmos a tranqueiras que raramente melhoram nossa relação conosco mesmo.
O exercício de desprendimento pode ser doloroso, mas se torna absolutamente saudável na medida em que percebemos que fomos, de certa maneira, enganados. A compreensão mais real é a de que você jamais precisou de muito e a certeza que daqui nada levará. Isso liberta e te transforma.
O capitalismo de consumo que presenciamos é brutal, vez que para sobreviver você precisa continuar a comprar sempre. Jamais será o suficiente. E você acaba se tornando o que tem e nunca será o que realmente é. Você objetifica e é objetificado. Caminhamos para a glorificação de uma sociedade narcisística de pessoas, de corpos instamagrados, mentes vulneráveis e eivada de relativização moral.
Você deixa de ser para atender às necessidades de outros, se vende e é vendido porque também virou coisa para muitos. O que realmente pensa te é tomado por ideologias e condicionamentos que te escravizam e engolem sua alma. Você se torna escravo. Da grana, do possuir, de todos menos de si mesmo. E tudo foi introjetado em sua mente. Você já parou para pensar de quão poucas pessoas o mundo inteiro realmente compra? Quantas empresas dominam totalmente determinado mercado? Sempre os mesmos, não? E a vida passa…
Depressivas, ansiosas, solitárias, sorumbáticas, pessoas vão então atendendo às expectativas alheias e não às próprias. Muitas vezes sem perceberem. Quando veêm, já foi. Não pode e não vai dar certo, evidente. As relações se liquidificam, se esfacelam na medida em que o mundo moderno caminha. A tecnologia que sempre representou progresso vai substituindo ou simulando o amor. E o copo permanece vazio, não? Por quê? E se você trocar seu Iphone, será que passa? Vai uma dopaminazinha aí?
A sociedade se tonra psicótica se desconecta da realidade, e o olho digital que tudo vê espalha a paranóia, fomenta a desconfiança e o desafeto. Esquizoides vão sendo criados se isolando no virtual e buscando abrigo em falsos egos. A fantasia se tornou a morada de humanos robotizados onde tudo é possível e permitido.
Um preço está sendo pago e ao que parece, uma parte da sociedade começa a perceber. É como se uma sensação pesada pairasse no ar. Alguns se socorrem em escapismos, outros em drogas e alienação. Mas por quanto tempo é possível se fugir?
Os índices de felicidade estão em níveis rasteiros e há uma espécie de energia no ar de que estamos sempre pisando em cascas de ovos. É como se algo estivesse sempre incomodando, uma “coceira” que não passa.
É preciso seguir em frente, mas verificar e se tornar alerta para onde se caminha, regular a direção, se ajustar as leis ultrapassadas ou injustas. A sociedade depende disso para se calibrar e sobreviver.
A conta já chegou e muitos estão buscando alternativas e corrigindo o leme em busca de uma vida menos dependente e com outro tipo de conexões. Quem já está saindo da Matrix tenta encontrar relações mais reais, sedimentadas em valores e não em mero atendimento ao ego. É preciso haver uma bússola moral em que pese o que se vê hodiernamente onde se fomentou que “tudo deveria ser permitido”. Não deu certo, evidente. Agora muitos puxam o freio de mão.
Pare e pensa no que realmente te motiva. Verifique se faz algum tempo em que você não tem vivido no automático. Há propósito em sua vida além de trabalhar e consumir? Onde você quer chegar? O que realmente deseja?
E por fim…quem realmente responderá a essas perguntas? Será mesmo você?
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