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Fantasias sexuais.

Todos possuem fantasias sexuais. A abissal maioria delas é saudável em que pesem os tabus, o falso moralismo e a possessividade que por vezes envolvem o tema. Boa parte dos homens confessaria à parceira, sem maiores pudores, se pudesse, seu desejo em transar com duas mulheres ao mesmo tempo, assim como boa parte das mulheres guarda algum desejo em ser “dominada” na cama. Tais desejos são normais e frequentes. Há números e pesquisas que confirmam isso.


Mas a discussão proposta é por que isso costuma trazer tantos problemas e insegurança ao invés de prazer e realização? É evidente que cada parceria tem suas características e necessidades, mas em que momento se tornou prática acreditar que as fantasias sexuais são nocivas ao casal? Alguma influência tradicionalista? Hipocrisia? Em que momento dar vazão à imaginação passou a ser o real tabu?


Em primeiro lugar, é preciso se compreender, se é que em 2024 isso ainda não está claro, que sua namorada ou esposa, possui fantasias, mesmo que ela não diga. E podem ser variadas. Uma mulher que sente o desejo em, por exemplo, ser xingada no ato sexual, em uma situação íntima e adulta, não se tornará “o xingamento”, não perderá a sua condição de parceira fiel, dedicada ou amorosa. Ela apenas possuia uma fantasia.


E por que não atendê-la? Por moralismo? Por acreditar que isso seria alguma espécie de desrespeito “consentido”? Ou apenas é insegurança mesmo? Vejam, eu entendo que há limites, e eles devem sempre ser pautados em dois pontos: ser adulto e em consentimento. Fora isso, qual é o real problema? Talvez apareçam alguns, mas escrevi “real”?


Sabe qual é o verdadeiro problema? É o sexo ser uma merda. Esse é o problema, não a fantasia. O estímulo mental, a libertação na hora da transa, o atendimento a desejos inconscientes ou não, não traz prejuízos quando conduzidos em um ambiente onde haja segurança e autoestima.


Sempre me causa espanto quando ouço, e já ouvi muito, o tal papo de “que minha mulher não é para isso”. Amigo…você já perguntou a ela primeiro se ela gostaria de fazer? E esse vento voa para os dois lados, ok? E claro, em 2024 não vou limitar a opção sexual de ninguém. Por favor…duas pessoas do mesmo sexo também possuem suas fantasias e desejos da mesma forma. Só para deixar claro o que nem precisaria ser escrito.


Ocorre que, ao longo da vida, das relações, longas ou curtas, monogâmicas ou não, teremos fantasias, desenvolveremos fetiches, desejos. Muitos casais acabam se afastando por incompatibilidades sexuais e falta de comunicação quanto a isso. Claro que pode haver falta de desejo, de tesão, mas aí o problema me parece bem mais complicado do que meramente pedir para sua parceira dizer algo específico ou pedir para seu parceiro se vestir de determinada maneira.


Muitas vezes o receio do atendimento a alguma fantasia tola e banal pode ser o princípio de algo maior ou o indício de que falta algo. Seja confiança, seja afeto, seja autoestima.


Como heterossexual sempre notei que ao deixar a mulher se sentindo segura no ato, ela é capaz prontamente de entrar na “brincadeira” e se sentir estimulada. Se não o faz, talvez seja o caso de se perguntar se existe alguma questão incidental e pessoal de insegurança ou baixa autoestima.


Claro, isso quando há intimidade, e afeto. Tais predicados são fundamentais para que o desejo ocorra e se desenvolva naturalmente. Sem afeto e sem intimidade, normalmente não há nada além de um mero atendimento fisiológico. E acreditem, não há comparação, porque a qualidade do sexo está ligada à conexão, e ela simplesmente não existe sem intimidade. Pode até haver prazer mas ele sempre será fugaz, breve, incompleto, robotizado.


As fantasias devem unir, libertar e aproximar os parceiros. Precisam ser estimuladas e não reprimidas. Há saúde psicológica e física aí e não doença, como muitos ainda acreditam. Importante ressaltar a questão da mutualidade, dos acordos e possíveis limites no exercício dessas fantasias. Mas isso tudo é conversável, pode ser acordado e flexibilizado.


Com o passar do tempo é mais do que natural que a relação e o sexo se transformem de alguma forma, o desejo e a intimidade podem ser afetados em diversos graus e as fantasias podem funcionar para reaquecimento desses enlaces.


Acho importante uma visão madura e realística sobre o assunto porque ela torna a qualidade de vida no relacionamento muito maior. O fundamental sempre é saber separar a fantasia da realidade. Vivemos em um mundo “instamagrado” onde tudo parece necessitar parecer perfeito e cada vez mais nossa sociedade caminha se perdendo em miragens de felicidade evidentemente artificial, em desejos superficiais, normalmente materialistas, ao passo em que relegamos o afeto.


Seu parceiro, sua relação, sua vida jamais será perfeita na medida em que somos humanos, e as fantasias podem ajudar a aliviar a dura realidade cotidiana. Parecr funcionar para muitos e para mim ao menos, sempre foi positivo.


Senhores, a responsabilidade e o exercício da questão sexual é fundamental mas não precisa se transformar em algo pesado ou enfadonho. Recomendo fortemente o estímulo às fantasias dentro da relação, como forma de se trabalhar o afeto e a sexualidade. Nesse sentido, por que seria preciso “escolher” ao invés de soltar a imaginação? Na dúvida entre se dará uma com jeito ou com força, faz o seguinte…dá uma com jeito e outra com força e seja feliz. Você notará tudo pelo sorriso.


Pode haver prazer sem culpa. Exerça.

 
 
 

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