
O cinema
- HP Charles

- 19 de jul. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 6 de dez. de 2023
Minha relação com os filmes começou bem cedo. Uma paixão que dura até hoje, em que pese a brutal queda de qualidade e imaginação do cinema atual.
Me recordo de meu pai me levar pela mão para ver filmes infantis e infanto juvenis. O cheiro da pipoca dos antigos grandes cinemas da Cinelândia povoa minha mente enquanto lembro de quando tinham caráter, antes de darem lugar às insossas cadeias de telas modernas com som digital.
Os cinemas de rua jamais serão substituídos à altura pois a experência jamais poderá ser replicada. Tudo ficou com menos sabor. Saudosismo? Pode até ser, mas que era bem diferente, isso era.
Meu amor pelo cinema era tão grande que logo comecei a colecionar fitas e posteriormente dvds e blurays. Já não bastava ver os filmes, eu precisava tê-los à minha disposição. Gostava de ver as capas, ler os encartes, saborear todo o processo da comprar até assisti-lo em minha casa.
Isso gerou uma coleção de certo respeito. Ultimamente não tenho tido muito interesse no que vem sendo produzido. O cinema virou mais um braço da propaganda política, lhe tirando muito da magia, amputando argumentos e atingindo a verossimilhança.
Franquias e mais franquias, dezenas de super heróis sempre com o mesmo desenrolar na trama, cópias e mais cópias com uma pequena mudança de tempero e enredo.
Atualmente o cinema vive de lampejos, de uma ou outra produção criativa, mas tais obras são exceção. O tempo da glória "hollywoodiana" se foi e com ele a grandiosidade do Oscar, que hoje se resume a uma mera masturbação narcisística decadente de atores comprometidos com o sistema.
A verdade é que com a chegada do streaming, a facilidade de se acessar filmes "on demand", gerou um certo conformismo e preguiça em muitos. Sim, salas eventualmente ainda enchem em grandes lançamentos, mas a cultura cinematográfica mudou junto com a tecnologia e as próprias películas.
Para mim restam as lembranças das sessões consumidas a granel, da excitação de chegar antes para não perder os trailers, e até dos beijos roubados em uma sala escura, por que não?
Esse sentimento deve arrebatar muitos cinéfilos como eu que já tem alguma idade, jamais nos deixando esquecer que somos seres analógicos em um mundo digital.





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