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O declínio da civilização moderna.

Em algum momento nos perdemos ao longo do caminho, não? Podemos sentir. Nós temos muita tecnologia, nós temos muitas coisas, nós consumimos muito, nós temos muito poder, muito dinheiro. Mas as coisas ficam cada vez mais difíceis ao invés de se tornarem mais fáceis.


Adoecemos muito emocionalmente, muita ansiedade, muita depressão, muita ausência, individualismo, hedonismo. Não sabemos para estamos indo, não sabemos o que estamos fazendo, a narrativa não está colando mais.


Me parece que a ganância é um problema. Talvez um problema oriundo de nossa "evolução" como sociedade. Nos tornamos habituados a ter mais do que precisamos, a comer mais do precisamos, a acumular coisas, tranqueiras sem sentido. Tudo isso enquanto abdicamos de intimidade.


Somos movidos por impulsos, estimulados por mídia, por validação, por atenção, convencidos a estocar e adquirir o que não precisamos realmente. Em nosso processo evolucionário, e desenvolvimento civilizacional, tivemos que caminhar com poucos recursos e através das maiores dificuldades ambientais. Tivemos que vencer a fome, o clima, as guerras. Durante a maior parte da existência humana foi preciso racionar, economizar. Comida, abrigo, elementos de sobrevivência. A tecnologia mudou isso. Nos trouxe conforto e facilidades inimagináveis. Hoje comemos como um rei comia em séculos passados. Então um dia alguém passou a se aproveitar. E passamos a ser explorados através da ganância.


Coneçamos a nos destruir e fazer mal a nós mesmos porque podemos. E através da exploração da ganância de outras pessoas, fomos seduzidos a alimentar os nossos próprios desejos por abundância. A nossa fome por mais. Eis aí o capitalismo de consumo. Você não compra mais o que precisa, mas o que quer. E quanto mais você compra mais você quer. Há uma enorme provocação para obtenção de riqueza, de capital e sucesso.


Há consequências para isso nas derivações diretas de tal mentalidade. Os desejos então nos direcionam a querer mais luxúria, a nos tornar mais gananciosos e invejosos.


Sim, a economia precisa ser alimentada. Constante e incessantemente. Você precisa comprar mais, transar mais, ser mais. Ganância, luxúria, inveja. Ela não funciona sem esses elementos e eles precisam ser introjetados em nossa mente diariamente. As pessoas que chefiam as grandes corporações, a política, as empresas de tecnologia entenderam isso faz muito tempo. Nós devemos amar pessoas e usar coisas. Mas usamos pessoas e amamos coisas. Essa é a armadilha que montamos para nós mesmos. E ela certamente nos aprisionou.


Nossa economia se tornou viciada, totalmente dependente do capitalismo de consumo e qualquer regulação me parece inócua e terá uma gigantesca represária de conglomerados e corporações que se tornaram praticamente intocáveis e onipotentes. Pessoas precisam comprar bugingangas produzidas quase sempre por mão de obra barata ou escrava. Como você acha que o mundo atual reagiria ao se frear a ganância? Um mundo onde você compraria coisas que você realmente precisa. O que ocorreria economicamente se o mundo se desentoxicar? Já viram alguém em um processo de desentoxicação? Não é bonito.


O que aconteceu conosco? Essa me parece uma perguntal fundamental. A tecnologia e o progresso caminham juntos mas precisariam ser freados de alguma maneira? É uma questão complexa. Desde nossos primórdios tecnologias foram criadas para que pudéssemos sobreviver. Inventamos armas, abrigos, vestimentas, ferramentas. Isso é progresso TECNOLÓGICO.


Mas hoje temos Iphones, Androids, internet, e temos pessoas viciadas em dopamina que é retirada justamente dessas peças tecnológicas. E isso é inevitável. Nós pedimos por isso. Por cidades seguras, iluminadas, tecnológicas, abundantes. 70% da população americana está com sobrepeso. Há uma falha na Matrix, não?


Nós nunca fomos tão miseráveis emocionalmente quanto somos agora. Ou você ainda acredita no que é exposto nas redes sociais? O problema seria biológico? Será que evoluímos para ter tanta coisa, tantas opções? Então para continuarmos a existir seria preciso dar um passo para trás? Mas como chegamos até aqui?


A vida era brutal, os grupos de pessoas eram pequenos, dependíamos uns dos outros, conhecíamos quem estava a nosso lado e precisávamos confiar uns nos outros. Isso mudou completamente. Hoje nos relacionamos com estranhos diariamente. Nas grandes cidades temos que fazer isso. Dividir o espaço com pessoas absolutamente desconhecidas. Você já se perguntou o que isso pode fazer com a sua psicologia?


Pense no que foi feito com grande parte das pessoas. Como foi fomentado o desejo por reconhecimento, de aprovação social, de reputação em níveis absurdos. E como fazemos isso agora? Mídias sociais. Não é mais através de toques, de conversas diretas, de afeto. Não, não foi uma pessoa que abriu uma porta para você, que te deu abrigo. A referência vem de seu celular e você não conhece aquela pessoa a quem assiste. Pode até acreditar que conhece, mas não conhece. Essa é a sociedade em que vivemos. E o nome para isso é ALIENAÇÃO.


O que causa a alienação, senhores? Ela traz o pior das doenças mentais e emocionais à tona. Depressão, ansiedade, disforia corporal, narcisismo, psicopatia. Primeiro nos alienamos dos outros e depois de nós mesmos. Sim, SEU CORPO responde a alienação. Não é uma questão meramente filosófica. Na alienação você se separa de tudo. E não se engane. Isso está matando pessoas. Há um ameaça existencial trazida pela tecnologia.


Vamos pensar nas ideologias difundidas massivamente no mundo moderno e "civilizado". Você realmente acredita que o decréscimo estupendo da natalidade ou do desejo de ter filhos é meramente incidental? O ataque à masculinidade, também? Fui ateu militante durante um bom tempo, então não sou suspeito. O que esse abandono da figura divina trouxe realmente para existência humana? Sim, porque a religião está conosco desde os primórdios. Esse impulso por controle das pessoas e seus comportamentos leva a um autoritarismo, mesmo que divino. Mas a pergunta é: estamos longe disso vindo de outro lugar? Com outra moral, muito mais vazia e sem sentido? O resultado é o queríamos?


Sim, fizemos o que foi preciso para sobreviver como espécie. E agora estamos doentes, gordos, cheio de opções, como jamais estivemos na história. Sucesso, não? Ficamos livres? Me digam vocês. E que tal a "cultura do cancelamento"? Que tal aplicar a sua liberdade destruindo e julgando pessoas, covarde e sadisticamente, confortavelmente de seu sofá, junto com uma turba alienada, infantilizada e muitas vezes ignorante? Que tal essa "liberdade"? Ora, não há tentativa de coerção e controle, aí?


Há mais. Há divisão, polarização, criação de desconfiança nas pessoas e no mundo. Há histeria em massa, fundamentalismo, ódio. Há uma obsessão com crimes que não eram crimes até alguns anos atrás. E isso é tão intenso que pessoas são demitidas sumariamente por uma pressuposição. Onde ficou a obsessão com a VERDADE? Incrível como ela se tornou relativa e secundária, não?


Há novos pecados e precisamos identificar e marcar os pecadores. Mas não escolhemos abandonar o divino? Que ironia. A punição e humilhação precisa ocorrer. Os enforcamentos são virtuais, mas permanecem.


Amigos, o que vocês acham que irá acontecer face a esse cenário? Minha opinião é que ele irá mudar. Haverá primeiro uma autofagia e depois a mudança. Haverá grupos de pessoas que não tolerarão e não quererão mais a alienação. Haverá um retorno à ortodoxia. Haverá um desprendimento dessas pessoas infectadas pela ideologia, vez que tais pessoas não são razoáveis, boas ou racionais. Elas nunca quiseram debate, mas sim poder. Então a intolerância será recíproca. E isso já está ocorrendo. "Não daremos um passo para trás. Aqui desenhamos nossa linha na areia".


Mas a sociedade moderna e tecnológica nos trouxe a esse ponto. O autoritarismo digital nos catapulta para um passado que pensávamos ter abandonado, não? Agora somos compelidos pela"virtude" e ela é a motivação. Mas é real? É mesmo virtude? Sim, queremos inclusividade, justiça, não queremos sexismo ou preconceito, mas também queremos massacrar pessoas? As soluções apresentadas são absolutamente insanas. E a ironia é que as soluções sugeridas e aplicadas são, elas mesmas, racistas, sexistas e identitárias. Voltamos ao pecado orginal. "Sou culpado por ter nascido assim".


Atacamos a masculinidade e a ligamos exclusivamente à violência, mas no final do dia precisamos dela além da feminilidade para repopular a terra, não? Podemos abdicar da "polarização sexual"? Precisamos de homens masculinos, coalhados de testosterona, para enfrentar bandidos fisicamente. Precisaremos sempre de guerreiros para fazer o que não queremos fazer.


Precisamos de crianças, caso contrário teremos uma sociedade velha e doente. Teremos...extinção. Vejam aqui não há discussão acerca de ideologias de qualquer viés. Estamos abordando fatos diretos, verificáveis e naturais. Precisamos de fertilizações para existir.


Sendo assim, me parece absolutamente preocupante o abandono do que nos trouxe até aqui como civilização para o atendimento ao consumo e davaidade como repositório de desejos ou necessidades. Não estou propondo nenhuma solução, não as tenho. Acredito apenas que o abandono de "Deus" no sentido dos freios morais trazidos pela religião, por exemplo, não parece ter dado certo. E isso é um tapa em minha cara.


A tentativa da desconstituição da familiar nuclear, a hipersexualização, o abandono das tradições, não nos deixou mais felizes. Será que não seria preciso dar um passo atrás e recuperar certos valores? Perseguir a paz, a humildade, a fraternidade, a intimidade...a compaixão?


O fato é que estamos presenciando uma sociedade cada vez mais individualista, narcisista, altamente viciada em tecnologia e, em última instância, mais infeliz. Onde nos perdemos? Para onde desejamos ir? Que transformações precisamos procurar? São perguntas que a própria sociedade me parece ter deixado de fazer face à consagração da premência e do imediatismo como forma de existência. Há muita correria, muito desejo, muito consumo e pouco tempo para olharmos para o outro e para nós mesmos. Algo precisa ser transmutado. Você sente isso? Sente um ponto de ruptura? Não haverá Apocalipse, mas talvez haja alguma redenção. Mudar para existir.












 
 
 

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