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Reminiscência da arrasadura

Eu tive medo de te perder

até perceber que você não pertencia a mim,

e que, nunca, nunca, fora minha.

Porque mesmo quando meu coração era teu,

o seu estava com tudo o mais.

E de repente aquele medo te perder acabou se transformando em ironia.

Vez que teus passos opostos me fizeram me encontrar em minhas memórias de luto e dor.

Me ressignificar em tuas lembranças do homem finito que se vai sem se despedir, como o tal "argonauta das sensações verdadeiras".

Sem direito ao sexo tímido, plural e final.

Sem palavras mudas de ausência que soariam ignaras, insípidas e inúteis.

Então reclinei a cadeira, bebi um gole de whisky,

e assisti a você me perder.

No inverso do inverso partindo suspensa e indecifrável, tão breve como chegou. Incógnita, descalça, vestida de branco.

E tudo virou excesso. Como o primeiro orgasmo e o último abrigo. Assim como tinha que ser.


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