
Uma vez carioca, sempre carioca
- HP Charles

- 19 de jul. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de jul. de 2023
Vou te contar, irmão, você pode passar 10 anos fora do Rio mas o carioca dentro de você nunca morre.
O jeito debochado, as figuras de retórica, a descontração com havaianas nos pés jamais perece. Fica tatuado, entende? O tal do chopinho chamando o garçom do boteco pelo nome, cheio de intimidade, como se fosse da família. O desenrolar "carioquês". O Flamengo, porra, o Flamengo.
Ser carioca é um estado de espírito, é dividir o olhar com a rua e a orla quando dirige. Ser carioca é marcar vários programas para o mesmo horário e acreditar piamente na própria onipresença.
Infelizmente a barbarie tomou conta do RJ e a segurança pública deixa o lugar mais legal do mundo menos convidativo. Mas a Guanabara sempre será a primeira paixão do fluminense. Seja ele da Zona Sul, do subúrbio ou da baixada.
O carioca até sai do RJ, mas o RJ jamais sai do carioca. "Vai um joelho"?!". Nunca entendi a dificuldade em encontrar esse salgado em SP. O paulista tem que meter orégano e tomate na parada, caramba?!
Talvez eu seja o único carioca "da gema" (pais cariocas) que não curte muito praia, mas eu entendo como o nosso litoral e nossa paisagem definiram nossa moda e nosso jeito comunicativo e extrovertido.
O carioca mete um chinelo e vai a qualquer lugar, pra ele tá bom, o conforto supera o requinte, ultrapassa a moda, vence a ocasião. Confesso a saudade do cinema no Leblon, da Geleria River no Arpoador, de caminhar pelo Centro da cidade como já fiz milhares de vezes.
Depois que minha mãe morreu pensei que não fosse retornar a cidade, de onde saí fugindo da violência em busca de novos ares. Mas eis que a cidade clama por minha volta, por via oblíqua, movendo montanhas e alterando o destino.
Quem sabe Maraca novamente. Quem sabe pé sujo de areia novamente. Quem sabe Cristo Redentor. Quiçá dar um rola no jiu-jitsu novamente? Será que "rola"?
E ó, rapaziada, o papo é reto...açaí é na Bibi.





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